quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nṣe ibéèrè nlò ọ̀rọ̀ ìṣe “ni”: fazendo perguntas utilizando o verbo "ser ou estar"

Fazendo perguntas utilizando o verbo “ser ou estar”.
(Nṣe ibéèrè nlò ọ̀rọ̀ ìṣe “ni”)

1) Qual é o seu nome?
(Kini orúkọ rẹ?)

Ki ni orúkọ rẹ
Qual é nome seu

2) Qual é o nome dela?
(Kini orúkọ rẹ̀̀)

Ki ni orúkọ rẹ̀̀
Qual é nome dela

3) Qual é o nome de cada um deles?
(Kini orúkọ wọn?)

Ki ni orúkọ wọn
Qual é nome deles

4) Qual é o meu nome?
(Kini orúkọ mi?)

Ki ni orúkọ mi
Qual é nome meu

5) Qual é o nome de cada um de vocês?
(Kini orúkọ yín?)

Ki ni orúkọ Yín
Qual é nome seus

6) Qual é o nome de cada um de nós?
(Kini orúkọ wa?)

Ki ni orúkọ wa
Qual é nome nosso

Aprenda mais sobre a língua yorubá nos links abaixo e em nossa aula presencial:

http://ieglimeira.blogspot.com
http://profjosebenedito.blogspot.com

Próxima aula presencial de yorùbá: 28/04/2012, das 9 às 12 horas.
Rua Senador Vergueiro, 122, Centro, Limeira-SP.

Olùkọ́ José Benedito de Barros

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Itọ́jú: a essência da espiritualidade africana tradicional está no cuidado

Por José Benedito de Barros

Culto aos orixás, voduns, inkices, eguns; ebós, feitiços, macumbas, mandingas. Estas e outras atividades são comumente atribuídas à espiritualidade tradicional africana. Mas qual é de fato a realidade? Qual e a essência da espiritualidade africana tradicional?

Trata-se de questão difícil, pois a quantidade de maneiras de exercício da espiritualidade entre os africanos tradicionais na África e na diáspora é proporcional à quantidade de povos e culturas africanas. Por isso, neste pequeno texto, pretendemos nos contentar com uma visão sucinta da espiritualidade tradicional africana yorubá. Desde já advertimos que não é nosso intuito esgotar o tema, mas apenas apresentar um breve recorte interpretativo.

Muitos praticantes da espiritualidade africana, notadamente os cultuadores de orixá, muito se preocupam em realizar seus ebós, que consistem em oferendas e sacrifícios aos seus orixás. Pensam com isso estar cuidando de seus orixás. Pois bem, propomos uma outra maneira de entender a questão.

A histórica e cultura yorubá nos mostram que nossa preocupação tem que ser com o cuidado (itọ́jú). Devemos cuidar de nós mesmos, de nossa casa dos membros de nossa família, de nossa comunidade e de nossa sociedade. Devemos ainda cuidar do nosso mundo material (àiyè) e de tudo o que há nele.

1. O cuidado de nós mesmos (orí, ara, ẹ̀mí, ìwà).

Tọ́jú orí rẹ. Cuide de sua cabeça. O orí é nossa cabeça, que compreende tanto a nossa cabeça física quanto nossa cabeça interior (orí inú). No orí estão nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossa consciência. Estar com um orí saudável é garantia de reflexões consistentes e tomadas de decisões acertadas. Bons estudos, pesquisas, lazer e cultivo de boas amizades podem ajudar a ter um bom orí.

Tọ́jú ara rẹ. Cuide de seu corpo. O ara é nosso corpo. O cuidado com nosso corpo revela muito do que somos. O cuidado com o corpo envolve, entre outras coisas, a higiene (ìmọ́tótó), a boa alimentação (ounjẹ) e a boa saúde (ìlera).

Tọ́jú ẹ̀mí rẹ. Cuide de seu espírito. O ẹ̀mí é a própria vida representada pela respiração. Aqui não se trata de uma vida qualquer, mas de vida digna, de vida longa, de vida significativa. Cada ser humano precisa descobrir ou escolher uma função para exercer em sua casa (ilé), na sua rua (ìta) na sua família (ìdílé) e na comunidade ou sociedade (ẹgbẹ́). Cuidar do ẹ̀mí significa cultivar hábitos pessoais e sociais saudáveis, que conservem e prolonguem a existência individual e coletiva.

Tọ́jú ìwà rẹ. Cuide de suas maneiras, de seu caráter. Ter um bom comportamento é fundamental. De nada adianta rituais religiosos bem feitos, grandes conhecimentos adquiridos com a educação escolar, se o caráter é ruim, se as maneiras são deselegantes. Precisamos cultivar o ìwàrere (bom caráter), o ìwà-pẹ̀lẹ́ (gentileza), o ìwà-ọ̀run (virtude) e ìwà mímọ́ (requinte, elegância, qualidade). Precisamos evitar o ìwà-àìmọ́ (comportamento sujo), ìwà ìbàjẹ́ (corrupção, mau comportamento) e o ìwà-búrurú (mau caráter).

2. O cuidade de nossa família, da comunidade e da sociedade (ilé, ìdílé, ìta e ẹgbẹ́)


Tọ́jú ilé rẹ. Cuide de sua casa. Ilé é a casa, tanto o espaço de convivência quanto a família (ìdílé). Na família há o pai (bàbá), a mãe (iyá), o avô bàbánlá, a avó (iyánlá) e filhos (àwọn ọmọ). Há ainda os outros parentes (arás). Na casa, pais e mães têm a obrigação de cuidar bem de seus filhos. Os filhos devem honrar pai e mãe e, quando for necessário, também cuidar deles.

Tọ́jú ìta àti ẹgbẹ́ rẹ. Cuide de sua rua e de sua comunidade ou sociedade. Se cuidarmos bem de nós mesmos, de nossa casa e de nossa família, estaremos prontos para enfrentar os problemas da rua e de nossos vizinhos (ìta) bem como os da comunidade ou sociedade (ẹgbẹ́).

3. O cuidado do planeta (àiyè)

Tọ́jú àiyè tiwa. Cuide de nosso planeta terra. O “àiyè” é nosso mundo material, enquanto que “ọ̀run” é o mundo espiritual. Lutar pelo àiyè deve ser preocupação de todos. Cuidar de nossa casa maior, o ambiente onde vivemos é tarefa das mais importantes e urgentes. Não cuidar de nossa casa maior é comprometer nossa própria sobrevivência enquanto seres humanos.

Esperamos ter contribuído com alguns elementos para refletir sobre a espiritualidade tradicional africana. Procuraremos futuramente desenvolver com maior profundidade as questões aqui esboçadas.

José Benedito de Barros, Mestre em Educação (Unesp, Rio Claro, SP, Brasil)
Olùkọ́ ti èdè yorùbá